Já faz tempo que sinto vontade de fazer um Blog, porém sempre adiei por achar que perderia tempo demais atualizando-o e conforme às variações do meu estado emocional poderia acabar expondo-me ou expondo outras pessoas. Por fim, resolvi criá-lo, tendo em vista que embora eu não seja uma exímia escritora, escrever faça-me muito bem, ajuda-me a organizar meus próprios pensamentos e principalmente faz-me refletir. Escrevendo, acabo encontrando-me.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Auto da Lusitânia
Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:
Ninguém: Que andas tu aí buscando?
Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.
Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?
Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.
Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.
Belzebu: Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.
Dinato: Que escreverei, companheiro?
Belzebu: Que Ninguém busca consciência.
e Todo o Mundo dinheiro.
Ninguém: E agora que buscas lá?
Todo o Mundo: Busco honra muito grande.
Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.
Belzebu: Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.
Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?
Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.
Ninguém: E eu quem me repreendesse
em cada cousa que errasse.
Belzebu: Escreve mais.
Dinato: Que tens sabido?
Belzebu: Que quer em extremo grado
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.
Ninguém: Buscas mais, amigo meu?
Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.
Ninguém: A vida não sei que é,
a morte conheço eu.
Belzebu: Escreve lá outra sorte.
Dinato: Que sorte?
Belzebu: Muito garrida:
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.
Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
sem mo Ninguém estorvar.
Ninguém: E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.
Belzebu: Escreve com muito aviso.
Dinato: Que escreverei?
Belzebu: Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.
Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.
Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.
Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.
Dinato: Quê?
Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.
Ninguém: Que mais buscas?
Todo o Mundo: Lisonjear.
Ninguém: Eu sou todo desengano.
Belzebu: Escreve, ande lá, mano.
Dinato: Que me mandas assentar?
Belzebu: Põe aí mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Camões viveu na fase final do Renascimento europeu. Período de muitas mudanças na cultura e na sociedade, que assinalaram o final da idade média. Chamou-se Renascimento, por nesse período ter havido uma redescoberta e revalorização de referências culturais da Antiguidade Clássica.
Camões teria nascido por volta de 1524.
Autor da epopeia, Os Lusíadas.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.
Luís de Camões
sábado, 9 de julho de 2011
Autoconhecendo-se
Bom, eu comecei falando sobre relacionamento, mas o meu intuito mesmo, é falar sobre nós. Antes de querer entender alguém, a gente precisa se entender e se a gente muitas vezes não consegue fazer nem isso quem dirá os outros.
Eu aprendi que é ótimo colocar para fora tudo que a gente está sentindo, chorando, falando, gritando, que alivia. Mas que tudo tem hora e momento, tem horas que a gente se confunde com todas as dores, frustrações, raivas e junta tudo e quer colocar a culpa só naquilo, a partir dai a gente explode e bagunça até aquilo que estava certo.
Então eu aprendi, que bem mais difícil que colocar tudo para a fora, às vezes, é mais importante você aprender a se controlar, a simplesmente não tomar nenhuma atitude e logo passa àquela vontade incontrolável (que é controlável) de jogar tudo para o alto, de botar um ponto final, de deixar tudo para trás, de fugir, de não querer ver ninguém, nem você mesma no espelho, rsrs, confesso que escrever tudo o que estou sentindo ajuda bastante, inclusive às coisas horríveis que tenho vontade de dizer para as pessoas, depois passa a vontade de dizer e você percebe que tudo aquilo que era importante ser dito naquela hora, não era e que foi bom você não ter dito, assim você joga o papel fora e pronto! Não gastou os ouvidos e nem a paciência da outra pessoa que está com você. Mas se depois de se acalmar e refletir, você continuar a achar que é importante dizer, então diga.
Domar a si mesmo, é uma tarefa muito difícil, mas acredito que seja o maior passo ao seu próprio autoconhecimento. E se autoconhecendo é mais fácil lidar com às pessoas e mais fácil que elas lidem com você. Antes de querer mudar as coisas ao redor, é preciso olhar para si mesmo e perceber se não tem algo antes a ser mudado em você. Conhecendo-se cresce a autoconfiança, que reflete na confiança que você transmite para os outros, mas depois que você estiver totalmente resolvida consigo, não vá cobrar isso dos outros, porque o problema deve ser reconhecido pela pessoa e a atitude de mudar deve partir dela. Não espere que os outros ajam como você e isso vai ajudar bastante para que você não se frustre no futuro.